A vida em um like... curta e compartilhe!

Se a gente gosta um pouco, dá um “curtir”. Se a gente gosta um pouco mais, “reage”. Se a gente acha muito bom, “compartilha”. Se a gente acha interessante, a gente “salva para ler depois”. Se a gente acha atraente, vai lá e dá um “match”. Se a gente não gosta, com dois cliques se “desfaz a amizade”. Tudo assim, fácil e nas pontas dos dedos.

Se a gente quer recordar do momento, a gente tira uma selfie. E se a comida parece boa e o restaurante é chique, não pode comer até uma foto ficar tão suculenta quanto o prato. A gente não liga mais o rádio, porque tem comercial e já pagamos para não ouvir comerciais nos streamings.

A gente não gasta saliva, manda um whatsapp. Faz um facetime. A gente sai de casa para a foto perfeita e volta como se não tivesse saído. A gente faz uma pose e diz que foi um momento espontâneo e descontraído.

Mas a verdade é que a gente só sabe viver assim. Nossa memória é tão curta quanto o próximo “viral”. Vivemos nos filtros e nos retoques. Dependentes de curtidas e de visibilidade. Dependentes da aceitação externa, porque a gente mede a nossa aceitação interna a partir do número de "notificações" que tivemos.

Somos vazios, nos expomos procurando por aprovação, para quem sabe assim termos amor-próprio e preenchermos um pouco da nossa carência efetiva.

A gente não sabe mais respeitar, porque a gente não sabe viver com as diferenças, tudo é feito sob medida, somos todos – dentro de suas singularidades – iguais. Vivemos no automático. Passivos e sem criticidade. E quando nos damos conta, somos apenas mais um na multidão.

A vida é mais do que um “like”. A vida está aí para ser mais do que vivida, não precisamos ter uma existência "viralizada", só não podemos deixar para “ler depois” até ser tarde demais.

Vamos utilizar as mesmas palavras com melhores definições: Curtir e Compartilhar... a vida com aqueles que nos importam, “desconectados” até nos conectarmos. Off line.

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